domingo, 25 de abril de 2021

A conversa

e foi desse jeito... assim, do nada, que a conversa que eu menos queria ter se iniciou

um dia normal, uma noite qualquer enquanto cozinhava se iniciou 

não sei se você sabe mas eu gosto muito dele. Disse a jovem.
Eu também. Pensei, já que dizer que não poderia.

essa frase marcou o início de uma conversa, uma quase confissão, de uma pessoa perdida, solitária e apaixonada.

poderia ser uma conversa correriqueira entre confidentes não fossem dois fatos:

Não somos amigos.
Ela gosta de alguém que eu amo.

teatro; como um ator segui a conversa fingindo que nada estava acontecendo, enquanto por dentro algo em mim gritava

VAI EMBORA, EU NÃO QUERO CONVERSAR COM VOCÊ SOBRE ISSO, NÃO ME TORTURE, VAI EMBORA!

o grito foi sufocado pelo dever; é uma pessoa perdida, desflorando seus primeiros sentimentos de paixão, precisando de conselhos e de alguém que possa ajudar.

infelizmente, o destino e suas crueldades insólitas deixou para mim essa responsabilidade.

e a cada passo, e cada novo dado nessa conversa a dor gritava mais.

Mas você sabe que não foi a primeira vez que nos beijamos... ele mentiu pra mim.

Mas você sabe que nós beijamos enquanto você dormia... ele mentiu pra mim.

Mas você sabe que já estamos conversando sobre isso há algum tempo... ele mentiu pra mim.

Mas você sabe que ele me puxou e me beijou naquele dia... ele mentiu pra mim.

ele mentiu, teve a oportunidade de me dizer a verdade, e mentiu.

a pessoa que eu amo, mentiu pra mim.

e seguimos, aliás, ainda seguimos porque em mim essa conversa ainda não acabou.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

marcas


ainda que levasse no corpo a prova irrefutável daquilo que deveria ser considerado, ao menos por alguns seria, a marca profunda do seu caráter questionável, era tarde, e tarde sendo, hora de voltar à casa. 

ele entrou no ônibus foi se equilibrando até a catraca, pagou a passagem e se sentou ao lado de uma senhora que lia um desses jornais sensacionalistas: mas esse mundo não tem mais jeito mesmo, todos os dias você abre o jornal e vê o que, desgraça e mais desgraça, é só isso, sangue, calamidade, enchente, escândalo político, escândalo sexual, filho matando pai, pai matando filho; não há o menor sinal de salvação para essa nossa humanidade, que, aliás, de humana não tem nada; é simplesmente um absurdo ver como as coisas acontecem e o governo não dá a mínima, a gente que é pobre só sofre, sofre a vida toda pra chegar na minha idade ganhando uma aposentadoria medíocre e ainda tendo que trabalhar; mas, sem dúvida, o pior é essa criminalidade esses jovens hoje roubam e matam por qualquer coisa a vida não vale mais nada. 

licença aí tia. como? meu ponto é o próximo. assim! vá com deus menino. na paz tia. 

o rapaz desceu no ponto da sua casa, e ainda assustado, não só com as tais marcas profundas de caráter como também as marcas visíveis deste mesmo caráter frágil, ou quem sabe, dúbio; em casa satisfeito estava com o silêncio, entrou no banheiro e lavou com bastante sabão as mãos cheias de sangue.

quarta-feira, 20 de maio de 2020

COVID-19



o fim chegou
virulento com o som de começo
a máscara
aberta como a janela
ilumina com a brisa do vento

abrir a porta com a fome da angústia
     os olhos para a rua amargura
lanço o corpo liberto
     me no odor do confinamento
permace
o silêncio dos olhares trancafiados

ainda que libertos
  tardios
libertos 

agarrado aos meus poetas
   concretos caminhos
sem poesia
me lanço no mundo simbólico
juntando forças palavras versos
     abertos
de dor

mãos cheias de sentimentos sem léxico
ando e recolho
       desenterro a memória
de
todos os meus
         nossos
         seus mortos 
corpos que ficaram para história
testemunhos
estáticas tropical

chuva salgada
 no lugar de ácida
que amarga a garganta
e
o constraste do céu limpo transbordando a lágrima
 dos
que assim como eu
               você
               ela
               ele perderam um pedaço de vida
da vida dos que amavam
o começo chegou

quarta-feira, 11 de março de 2020

Ecoar

 
 
Sentado num salão, amplo e iluminado. As cadeiras com estofado vermelho e estilo do século 19. As pesadas cortinas verdes. O papel de parede francês. O chão de mármore. E lá no fundo, distante, uma parede de vidro que dava para o mezanino. Atrás da paredes um balcão, algumas cadeiras de escritório, o display da companhia e por fim a última e mais importante imagem, os pés dele. 
Neste momento, entra no salão uma jovem faxineira; negra, alta, cabelo amarrado com um pano, o balde e o pano na mão. Ela cruza o salão parando em frente a uma grande estufa transparente e começa.
 "E quando o desejo vem é teu nome que eu chamo, posso até gostar de alguém mas é você que eu amo; Fica dentro do meu peito sempre uma saudade, só pensando no seu jeito eu amo de verdade".
 Repetidas vezes o refrão correu o salão, reverberava sentimento, emoção e pureza. A voz, que bela voz. Meu peito se enche de esperança e angústia; a primeira lágrima escorre, e neste momento o timbre dela forja para sempre um dos momentos mais intensos da minha vida. A voz que ecoa até hoje em mim.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

mientras dormías



Porque descansar
Si me acostar en tu pecho es más cómodo

Porque música escuchar
Si tu respiración me llena el oído

Porque dormir
Si tu perfume me despierta a cada rato

Porque huir
Si siempre te encuentro en mi sueño

Porque correr
Si tu mirada me acelera el ritmo cardíaco

Porque comer
Si tu presencia me alimenta el sentido

Porque celos tener
Si tu estas acá a mi lado

Te veo
Te escucho
Te siento
Te quiero

No somos uno, pero un día seremos nosotros
y nosotros juntos vamos ser más grandes
que cualquier guerra cualquier batalla
o cualquier puente dañado
que nos toque pasar

Son luchas diarias
Crisis diarias
Días

Pero acá estamos
con tiempo entre nosotros
y con nuestro tiempo vamos lejos
tan lejos que nos van a ver pasar felices

Porque lo hago
Te quiero

20, febrero
En una noche mientras tú dormía

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Descansa





Eu queria dominar a arte de abrir meu coração. Lançar-me sem medo do que virá. Você não sabe o medo que dá. Atrás dessa cara de velho turrão que nada teme, há uma criança que chora, e sim, ô se teme, o que virá. 

Assim caminho sem direção, rumo ao sorriso. Deixa-me ser feliz com a luz do sorriso, nem que seja por algumas horas de confissões perdidas na madruga. 


Eu demorei a amar, e a me deixar pela luz de uma simplicidade que pra você é defeito. 

Sabe, eu quero esse defeito pra mim, ou assim, em mim! Descansa, foi carga demais, eu entendo, e eu sei que você, sorriso mais lindo, agora entende. 

Descansa. 

O sono dos justos, que aqui, de baixo eu sonho com seu sorriso. Deixa-me sonhar, não te peço mais. Obrigado, por iluminar meus sonhos, por ser assim... essa marca profunda, tão profunda quanto seus olhos, eu não vou esquecer. 

Obrigado, obrigado. 

Descanse.

domingo, 17 de setembro de 2017

Anillo


Yo no sé si usted lo va a leer, creo que ya me has bloqueado. 

Pero, bueno, no tengo una razón para escribir, pero quisiera escribir algo para, no lo sé, tal vez limpiar esa angustia que siento. Aunque que lo sé que es inútil.

Otra vez me voy sin saber a donde.

Es increíble como el destino me ha dejado siempre en el mismo camino. Es triste que otra vez estoy acá escribiendo porque no soporto no decir lo que siento;  vea que yo pensaba ser poseedor de la receta para controlarlo. la verdad es: no la tengo. 

Hoy fue a caminar, y en el camino dejé su anillo en un rincón oscuro bajo un árbol cualquiera, no era el único que tenía, pero el camino y el peso de los dos eran demasiados para una persona como yo, acostumbrado mucho más con las despedidas que con las largas historias de amor.

Fue caminando y pensando, lo intento, o no.

Por un lado me lo decía la razón "no estás cansado de chantaje emocional? De que te digan que no te quieren más, que usted sea tonto y espere algo que diós sabe cuando llegará? Otra vez vas a actuar como sí nada mas importara que la otra persona, usted implorando para que te acepten, que te amen, que seas algo que usted no merece, y que ya te dijeron; otra vez vas a estar ahí en las manos de alguien que no te quiere? Otra vez?

Por otro lado, como dejar el sentimiento que tengo callarse, porque otra vez salir de allí con lágrima y dolor, otra vez? Por qué no lo intentas otra vez más, amarlo es bonito, él te gusta, se te envió mensaje es porque sí, no es chantaje, no es broma, puede ser de verdad. Mira la sonrisa que hizo cuando llegaste? 

No lo ves, deja hablar tú corazón otra vez, inténtalo, vaya!

Pero, entonces, me dijo. Acuerdas las veces que has intentado? El dolor? Las lágrimas? Fue solo tu. No ves que otra vez es trampa? Mira la sonrisa que haces después de todo que te dijó, acuerdas de cuándo ud le estaba invitando para vivir junto lo que hizo? Te hizo chantajes con alguien que ud había salido, "en la cama que yo lloré, que le dije mis problemas", chantaje no lo dejes hacer, hoy lo vas a hacer caritas, mañana "que ya no siente más" y entonces en una "borrachera" "le pide paciencia".

Ya sabemos que pasó. Salí.

Pero en realidad, foi miedo.

"Ud no quiere lo mismo que yo"... Cómo así? Porque este chico me está diciendo eso? Obvio quiere bromear conmigo. Mira como soy, feo, gordo, mira esta porquería de cuerpo que tengo, mira las cicatrices que llevo, quisiera yo fuera solo afuera las cicatrices de mi vida están por toda parte; mira esa cara fea que tengo, con tanta marca, mira esa nariz, eses dientes que no me dejan ni sonreír, bueno, yo no tengo razones para estar sonriendo, así que no importa, lo feo que estan solo me va a aburrir aún más, igual cuando estoy en el baño mirando al espejo. No tengo nada, nada, ni siquiera español hablo bien, cuántas veces he dicho algo que ud no entiende.

Mira ahí en la cama, mira el chico que está ahí, mira como es lindo, mira sus ojos, lo dudo que ya has visto ojos tan lindos, mira la boca como es perfecta, hasta las cejas son perfectas, mira como queda roja solo una pequeña porción de la orilla derecha, mira su cuerpo, tan blanco y lindo, te acuerdas del "manjar dos deuses" verdad? Mira como es alto, como es grande, como es fuerte, mira la verga rica que tiene, escucha su gemido de placer, se te para solo con mirarlo, no?

Vea estás en la cama y creo que quieres algo, disfrútalo, mamelo, chupalo todo el cuerpo, todo, cuello, orilla, pecho todo, pruébalo, todas las partes, hágalo muchas veces... Por que eso no es para ti. No es para siempre.

Nosotros sabemos que para ti es one night only, y a lo bien, ya es suficiente. Por que ni eso se lo merece, acuérdate? Le dijeron algunas veces, y sabes que, tenían razón.

Verdad, siempre es así...

"8/8/2017 quieres ser mi novio"
"8/9/2017 prefiero que pienses que conmigo no hay esperanza alguna de una relación"

Porqué? Otra vez? La cagué otra vez? Yo creía que sería diferente? Porque eso otra vez? Otra vez tengo que botar un sentimiento a la basura? Porqué?

Otra vez te tengo que explicar que no es para ti, seas realista, y eso de que "sentía, pero ya no siento más?" Otra vez vas a creer en eso?

Vaya... Más bien, cambie, huir es solo otro paso, igual a todos los pasos que has dado.

No quiero, mira la sonrisa de él, mira como se para, mira como ya no hay más oscuridad, mira, por favor, mira como es lindo.

Necesitamos otro espejo para que se de cuenta? Es que el tuyo está roto?

Vayáse...

Me voy. No es para mi. 

Mejor, deja que el dolor otra vez pasará.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Escada








se eu fosse mais esperto, ou diria racional 

não daria muita bola pros amores do passado

mas, como pouco sou, me recordo um a um, numa ode às avessas 

deste me lembro nada, pois tempo já passou, era amor de infância, pouco tenho de lembrança, mas os olhos, 

e que olhos, nunca me esqueço 

e nas memorias me apoio, levitando, vou subindo pouco a pouco 

lembro desse, mas que loucura, era artista da tv. Chegando da escola, com a cabeça ao travesseiro, eu ia 

trançando nos detalhes nossa história 

nesse ponto já alcançava o topo dos prédios, via lado a lado as antenas de tv 

teve a tal da adolescência, cada ano era um drama; mas o nosso aquele ano foi drama dos bons 

sua cara e seu nome ainda me lembro, suas fotos poucas tenho, os poemas, só um viu o nascer do sol,
sorrateiramente escondido joguei em sua mochila
mas coisa mais mal feita, foi a mãe que encontrou
dia apos dias 

livramos-nos de nós dois 

mas que frio, meu corpo flutuante já alcançou os topos nevados, os vulcões que há em mim se afastam aos 

meus olhos 

e rarefeito foi o senso que tomou todo meu eu, naquele dia de novembro que o capeta apareceu era 

amor de perdição
me dizia os poemas escritos na surdina, quando seus olhos seguiam meus passos 

mas alguém pelo caminho se perdeu, sobrou pra quem amou 
ao largo de onde existiu o amor se extinguiu
foi seguindo no silêncio, mas um dia se calou

ao meu lado os balões, já avisto a escuridão. as estrelas lentamente vou alcançando com a mão 

troposfera litosfera
e depois de tanto tempo veio esse 

lembro com detalhe, também com tanta sacanagem. meia duzia de mensagens, três noites de 

massagens, outras tanta de menage. era dois contra um, perdeu quem menos deu.

finalmente chego neste, ai, difícil recordar. nem o brilho das estrelas, quase ao meu alcance, me deixam 

esquecer. já fiz poema, conto, novela e romance, mas esse a amor nunca se foi. 

e nesse e vácuo vou juntando, 

mas, 

se eu fosse mais esperto, ou diria, racional; eu juntaria um a um, e nessa fila eu subiria, e num canto lá 

na lua esconderia de mim mesmo

e do resto do mundo 

o tanto que já amei

domingo, 8 de março de 2015

Me dizem o que com o silêncio...


Meu eu-lírico me diz que
  ainda que tanto ruído cego ao meu redor
mesmo diante te tanta poeira molhada pertubando o meu sono

diz-me que o som do silêncio é que me fará saltar
   na mais profunda paz da consciência produtiva

meu eu-on-line há tempo compreende essa inércia
e
ainda que
sofrendo
 acostuma e se arranja de tal forma a compreender

agora,
já que mencionado consciência:
eis que a própria vê-se a pouco de tal choque
e acostumar-se com isso parece, missao
no minímo iniciaremos uma epopeia

distante nos vales de Cajamarca
distante nos Cerros Orientales
distante de mim mesmo

estarei ausente
so me basta saber se somente da internet

ps: certos padroes da norma culta nao sao alcancados por este teclado, uma pena, comigo e com a norma culta

sábado, 20 de setembro de 2014

Saudade Brasilis ...















 










Se há dias não escrevo
                  não que seja falta de inspiração
   mas 
sim 
                                                                                 por medo 
                      de não honrar tamanhas
muralhas serradas 

[espalhado]

E se por serras e desfiladeiros 
Me Gabo de alegria 
nas vertentes 
liricas 
da fantasia 
sem Gabo 
me desfilo 
Quevedos e Candelarias 

Santanderes e Bolivares 
Espadas e recortes 

[jogado]

não me reconheço na língua 
                          mas deleito-me nas serras infinitas del occidente 

 [confuso]

cadê meu céu 
                                                              cadê meu sol 
minhas estrelas
                            me sinto réu  
minhas janelas 
                    cadê cruzeiro 
                                 cadê estrelas
      cadê razão 
               meu chão 
                      meu São 
cade você
   ou eu
quem sou eu? 

                                                         este eu distante
                                         que só dá saudade               
   

        [nestes recortes de papel]
[de palavras]
              [de sentimentos]  

terça-feira, 6 de maio de 2014

Bom Tempo




















Desta vez
[não
pedirei que venha comigo
este caminho sombrio
estes pedaços vazios de asfalto
me mostram o caminho

pintaram-se sozinhas
são farsas desesperadas


soltou-me a mão
agora vá
em vão
não me siga

sinta a brisa que vem
parece bobagem
[mas
na verdade
houve tempo
que o tempo bom era gastar o tempo ouvindo a esmo o seu não


agora haja tempo
de [solidão
vou-me sozinho


que tem tanto som
que esse tempo é um tempo eu
que bom é esse tempo meu

e bom é esse tempo bom





imagem: http://www.fotolog.com/da_pitchulinha/61015846/